Quando soube da estória de vida dela chorei. Na frente dela. Por ver na minha frente uma vencedora, que conseguiu sobreviver à chamada maior de todas as dores. E ela só me dizia: "mas eu estou prontinha para ir! Não tenho mais ninguém aqui... Está difícil esperar a minha hora sabe?" E ela sorria passando as mãos no cabelo.
Um dia ela me interfonou no comecinho da noite e pediu para eu subir lá. Ela queria me dar um presente (soube depois que aquele era dia do aniversário dela, e quem ganhou o presente fui eu). Ela me deu a única cópia que tinha do livro feito com as cartas que Chico Xavier psicografara do filho dela que havia desencarnado. Ali soube da estória: ela perdeu o único filho em um acidente de carro no início dos anos 80. Naquela época não tinha celular nem nada, e ele voltava de Santos para São Paulo. Ele foi enterrado como indigente, sendo encontrado dias depois. O marido, ao saber, entrou em uma espiral depressiva sem volta. E ela segurando as pontas como dava.
Ela conheceu Chico e recebeu as cartas. Juntou-as e fez este livro, com toda a renda revertida para o centro onde Chico trabalhava. Há poucas cópias por ai do livro, e ela me deu a única que ela tinha. Com dedicatória e tudo, só dizendo que eu saberia a importância daquele livro e que cuidaria dele com o carinho e cuidado que ele merecia.
Os últimos anos foram difíceis. Muitas dores e doenças se acumulando, e ela esperando a hora dela. Sem reclamar, confiante que vivera a vida. Só isto. Eu brincava com ela que ficava preocupada se não ouvia barulho. Ela ficava preocupada por fazer barulho... Fofa...
Terça-feira, dia 29 de novembro de 2011, ela descansou. Estava pronta. Seu filho deve ter vindo buscá-la, e ela pode finalmente ser feliz. Por que ela me dizia: "não existe felicidade pela metade, e me falta um pedaço..."
Vai com Deus, dona Maura. Apesar de estar feliz por saber que a senhora finalmente está inteira agora, e feliz onde quer que seja, fico triste por saber que não mais ouvirei a senhora... E saiba que guardarei seu livro com todo o amor que ele tem contido dentro dele. E obrigada pela honra de me escolher para tal tarefa...
Que bela história, um texto emocionante.
ResponderExcluirDeixou aqui meu abraço - pra vc e pra dona Maura.
ResponderExcluirbj.
ela foi ao encontro do filhinho amado, estava com mta saudade.. certeza que estah com um sorriso estampado no rosto ;)...
ResponderExcluirque nsa. sra. de nazare a guie e proteja nesta nova etapa.
btw - ela era amiga do santinho principiiiii...
Daniel, isto é só um pedacinho da estória, mas tudo verídico! obrigada pelo elogio!
ResponderExcluirbeijos
Marcos, obrigada! Mesmo!
ResponderExcluirbeijos
É verdade, ela conheceu o principiiii... ele fedidinho e tudo, ela segurou ele no colo, beijou, e disse que se ele chorasse ela me denunciava por que eles tem que ser cuidados...
ResponderExcluirsentirei falta dela...
Adoraria ler mais sobre ela...
ResponderExcluirAnônimo, ela era fofa! O livro (caso você se interesse) se chama FILHOS VOLTANDO, e tem cartas do filho da D. Maura e de um outro com o mesmo nome!
ResponderExcluirbeijos