Se você tem mais de, sei lá, 15 anos, em algum momento você olhou para trás na vida e pensou sobre ela. Certo? E aposto também que pensou porque raios você escolheu a pílula azul ao invés da pílula vermelha (Matrix feelings). Voltar atrás não rola, vai ver por isso De Volta para o Futuro continua atual. Então você se apoia no clichê "é bom que eu errei lá atrás porque agora eu aprendo e não repito os mesmos erros". (Jura que não repete?). Ou fica se martirizando eternamente gritando enquanto puxa os cabelos "como eu fui burra". De qualquer forma, minha dúvida é a seguinte: você não tem
Eu me sinto. E, no fundo, faço este texto esperando que alguém por ai que o leia também se sinta assim só para eu não me sentir sozinha no mundo (não espero solidariedade por piedade, ok? Só queria saber se só eu sinto/penso isso...). Não sei se porque eu sempre tive expectativas muito altas para mim mesma, mas se eu disser que elas eram super normais vocês não acreditariam. Nunca quis ser estes combos impostos de perfeição. Queria o basiquinho, meio que uma vida com itens de fábrica. Dai ocorre que até por estes itens de fábrica eu tive que lutar, sabe? Como se tivesse que ficar na fila esperando debaixo do sol só para ter o direito do meu carro vir com quatro rodas...
Lendo ontem o ótimo texto do Contardo Calligaris na FOLHA (texto aqui), achei interessante a ideia proposta. Se a vida é só isso. E como tempo ocioso é uma merda, me veio a sensação de não ter feito algo na e com a fanfarrona. Ai você começa a pensar no que você queria, no quanto você lutou para conseguir, das coisas as quais você abriu mão... (se não tomar cuidado vira depressão) E NÃO CONSEGUIU. Posso estar enganada, mas os seguidores do DEIXA A VIDA ME LEVAR devem ser mais felizes. Ou ao menos mais leves. Ser membro deste grupo me dá a ideia de não criar expectativas, logo você não sofrerá caso elas não se concretizem. E eles também não devem perder tempo tentando lidar com este gosto amargo na boca que gente como eu (?) tem.
Mas dai eu paro, olho para trás e vejo que sim, já fiz algumas coisas. Já passei por coisa que muita gente desencarnará sem saber o que é. Já fui traída de formas que nem Nelson Rodrigues imaginou. Já me espatifei e já me espatifaram. Já dei com os burros n´água, já investi em situações que não valiam sequer meu bocejo. Só que, por não terem sido coisas que eu almejava, não valorizo tanto. Mas não morri (sou a prova cabal de que certas dores não matam, definitivamente.), só perdi muito da doçura e lente rosa com que via o mundo. E me restou este gosto na boca, que nem Glisterine resolve. Poderia me contentar com isso... Pena que querer nem sempre é poder...
Então, neste ano de 2013, continuo com uma premissa que defini há um tempo: cuidarei de mim. Tentarei não fazer planos, se bem que essa inércia esperando os deuses decidirem por vezes me causa faniquito. Perdoem-me se ter casa, comida, trabalho, roupa lavada e cama quentinha (ou ar condicionado gelado) não me preenchem. Estes são, para mim, itens de fábrica (e sim, agradeço por eles todos os dias em que acordo). E, como não posso ser Marty McFly, lidarei da melhor forma possível com o que temos para hoje, amanhã e depois. Porque vou dizer uma coisa: cansei de batalhar tendo como maior inimigo... eu mesma.
"E que venham novos sorrisos, novas estórias, novas pessoas." (C.F.Abreu). E que assim seja...
Nenhum comentário:
Postar um comentário