sexta-feira, 10 de maio de 2013

LIMITES PESSOAIS


"Dizer sim quando quero dizer não é dar mais valor aos outros do que a mim, é não colocar meus limites, e isso é não me respeitar.. É o mesmo que dizer que o que eu sinto não vale nada, que os ouros podem passar por cima de mim à vontade. E eles passam, sem dó nem piedade. Hoje estou aprendendo a dizer não. Quando não quero alguma coisa, simplesmente digo não. Sem raiva nem emoção. Um não é só uma negativa. É nosso limite. Um direito que temos de decidir o que desejamos ou não fazer. A isso se dá o nome de dignidade. Quando nos colocamos com sinceridade, dizendo o que sentimos, somos respeitados." (Zibia Gasparetto)




Um dos maiores mistérios com o qual me deparo atualmente é, no fundo, simples:  qual nosso limite pessoal para insistir em algo que sabemos ser uma barca furada? Sabemos que aquilo é errado, que nos deixa infelizes, que nos suga todas as energias da alma, mas insistimos. Por que será isso? Para não admitir para nós mesmos que perdemos? Mas será que, na verdade, ao largar mão de investir nosso tempo e energia e pensamento e algo fracassado não estamos, na verdade, ganhando?

Desistir é abrir mão por completo. Seguir em frente sem olhar para trás. Se você olha pelo retrovisor, você não desistiu; você apenas postergou e, a qualquer momento, pode dar marcha a ré e voltar lá para onde você tanto olhava de soslaio. A questão é: percebo em mim e em vários que não queremos abrir mão do que carregamos entre os dedos, mesmo que seja uma colmeia cheia de abelhas assassinas. Por que será que fazemos isso?

Acho que somos ensinados (ou somos assim de nascença, sou ignorante no assunto) desde pequenos a não perder. Então, quando estamos em empregos, relacionamentos, VIDAS que estão péssimas e nos deixam doentes, ainda assim achamos que "perdemos" se sairmos dali. Então, mas será que é isto mesmo? Perdemos ao nos afastarmos de coisas que nos deixam mal? A ideia não está ligeiramente distorcida?

Conheço gente que luta desesperadoramente para ter as duas andorinhas na mão. Será que ela pensa que, ao deixar uma andorinha voar, ela está perdendo? Assim, ela já escolheu qual andorinha quer, ela já SABE o que a deixa feliz, mas insiste em querer ter tudo. Triste isto, porque ela está perdendo tempo, e esse danado não vende em loja. E descobrirá, ao final da jornada, o que ela mesma sabia desde o início: quando estamos em paz de espírito com nossas escolhas, escolhemos certo. Escolher é abrir mão de algo, e ela já escolheu. Ela já ganhou. Deixar a outra opção seguir em frente é uma vitória. E, no fundo, ela sabe disto, mas insiste em estender seu limite. Por que nem importa, mas para que isto?

Ou então uma amiga que tem um relacionamento onde a palavra de ordem é desprezo. O seu "par amoroso" não a respeita, não a ouve, ela sabe de tudo e fica buscando subterfúgios para tomar a decisão que ela mesma já escolheu. Note, ELA JÁ ESCOLHEU! Mas fica sempre com aquela coisa de "ah, mas vai que é uma fase", "ah, mas isso, mas aquilo". Quem quer fazer coisa errada sempre acha justificativa. E, no fundo, para mim é claro: minha amiga escolheu ficar com o digníssimo. Então assuma isto. Porque amigos cansam de tentar ajudar a tecer uma manta que você vai lá e, na calada da noite, desfaz todo o trabalho feito em conjunto...

Cada um tem um limite de dor frente aos machucados causados pelos tombos que a Vida, a eterna fanfarrona, nos impõe. O problema é que, várias vezes, cutucamos estes machucados para eles não sararem. Se o limite é pessoal, então cada um sabe de si, certo? Certo. Mesmo que trabalhemos loucamente para que pequenos arranhões virem feridas com fratura exposta. Quando queremos algo, mas assim, queremos mesmo, fazemos nossa parte e vemos se a fanfarrona aceita. Se aceitar, beleza, se não, fizemos (fiz) o que pudemos. Acho que a jogada de mestre está em saber onde se encontra seu limite. E, ao chegar lá, saber que a vitória de goleada é sair correndo daquela situação horrorosa em que você se encontra. Por que nossos limites podem se tornar elásticos. Ou pior... invisíveis.

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