"Olhar para si realmente não é um exercício fácil.
Não adianta apenas olhar, mas perceber os "monstrinhos" que moram dentro de nós e tentar combate-los.
Cada erro assumido conscientemente é um "monstrinho" que combatemos e a cada combate ficamos muito mais dóceis. Isso só nos aproxima do bem e esse bem atrai pessoas realmente boas ou que ao menos buscam também essa bondade.
É importante rever, reinventar, recriar, refazer... tentar.
E acredite: as respostas estão em você."
(Danilo Francoia, no Mania de Citar)
Ouvindo Pitty dizer para "não deixarmos nada para depois...", aqui.
Este post será um spoiler do início ao fim! Considere-se avisado!
Fui no sábado assistir à peça Do Tamanho do Mundo, com o Mateus Solano e cia. O que pensar de uma peça com este nome?
Pois bem, a peça fala de um moço, o Arnaldo, que um dia tem um piripaque e acorda sem o movimento das pernas, e a partir daí começa a questionar a vida que leva: casa, trabalho, casa, trabalho... Sua esposa também trabalha, enquanto se preocupa naquele dia com o jantar que ela faria para o Tião, amigo do marido. Pessoas normais na faixa dos 30 lutando para seguir adiante.
Ele não consegue por em palavras este "sentimento no peito", mas o tempo todo se questiona se aquilo era o que ele queria mesmo da vida. Não sei sequer se ele pensava no fato de ser/estar feliz, ele pensava mais no que ele estava fazendo enquanto o relógio corria.
Bom, no decorrer da peça, ambos seguem seu rumo. O interessante: a esposa não está infeliz. Para ela aquela Vida parece que basta. Ela não se questiona, sabe? Ela segue adiante, no automático. Ele queria tirar férias sem data para retornar ao trabalho (vida, rotina?). Ela não. Para ela estava tudo ok. Não digo que ela estava plenamente feliz e satisfeita e realizada, mas esta busca pelo que falta não era sua praia.
E temos um lado da moeda sentindo falta de algo que não consegue verbalizar. Do outro lado, alguém que está ok com o que tem para hoje. E estes alguém estão juntos.
Estão?
O final fica em aberto (eu avisei que seria um spoiler sem fim este post): eles podem ter ficado juntos, se assim você prefere, ou ele pode ter seguido a vida e caído no mundo, ou ela pode ter se rebelado e ido junto com ele. Ou o que você quiser. O final pouco importa. O que realmente importa é o questionamento sobre aquele momento pelo qual todos passamos ou passaremos um dia: o que estamos fazendo da Vida?
O que você está fazendo da sua Vida? Você realmente teria coragem de jogar tudo para o alto e sair andando pela porta da frente, sem pensar nas consequencias? Você aceita o que tem porque pensa que sempre poderia ser pior? Será que este jogar tudo para o alto é realmente resposta para suas dúvidas? Ou você leva estas dúvidas contigo para onde for?
Confesso que até hoje tenho pensado sobre o assunto. Sempre pensei. Porque hoje, velha de marré marré de si, não tenho coragem de jogar tudo para o alto, e isto que não tenho descendentes que dependem de mim. Quando mais nova, eu achava que teria. Mas será que teria mesmo?
Algumas pessoas dão uma guinada na vida quando passam por uma experiência traumática, como se isso lhes desse coragem. Outros se fecham de vez, e rezam para passarem despercebidos.
No fundo, acho que a peça nos leva a um questionamento deveras simples, porém perigoso: você é feliz? E se não é, você aceita isto?
PS - Mateus Solano é ótimo, mas quem é a peça é a atriz que faz a (Da)Lila. Joguei no google seu nome e vi o currículo dela: sensacional. Ri muito. E por uns momentos, achei que ela fosse um anjo (essa só fará sentido se você assistir à peça).
Ah, a peça parece que está com poucas estrelinhas em avaliações por ai. Sou leiga no assunto, mas dou nota máxima. Pelo questionamento. Pela reflexão.
(só achei o microfone um pouco baixo, mas de novo: quem sou eu para opinar sobre algo que não entendo? Ás vezes eu que estou ficando surda, vai saber...)
;)
ResponderExcluir