quinta-feira, 29 de outubro de 2015

para todas as "mães da Joyce" espalhadas por ai...


Ouvindo uma das músicas mais lindas que existe, do filme Os Intocáveis, aqui.

Ai você chega no balcão de embarque para um voo de 10 horas com dois bebês a tiracolo e descobre que seus assentos são desconexos, longes um do outro e, pior, não tem mais poltrona reservada para você! HAHAHAHAAH rimos e ficamos nervosos e a atendente, coitada, fazendo o melhor que podia e toma como pessoal nossa indignação mas moça, não é não, é só sofrimento antecipado (vulgo ansiedade).

Então você já começa a rezar para todos os deuses do Olimpo torcendo para o vôo ser tranquilo, para as crianças dormirem, para que Nossa Senhora da Turbulência não atue no dia, meldels as crianças estão ficando cansadas, querem dormir mas estão fora da rotina, tudo atrasado, SOCORRO!

Meu, que saco que bosta que _______ (complete com o que quiser e desabafe isto que te anuvia o peito neste momento! ajuda!). Entramos, as crianças chorando, brigas para por as bagagens em cima do bagageiro, lembre-se que faltam 10 horas de voo à frente, suspiros longos e vamos lá!

Quando nos assentamos, tudo ok, a moça nos colocou próximas mas não juntas mas próximas então já está ótimo poderia sempre ser pior, eis que chega uma mãe com sua filha de uns 35 anos, a Joyce. Ah, esqueci de escrever: a Joyce tem paralisia cerebral, espasmos musculares que a faziam quase cair da cadeira, não fala, tem dificuldades de visão e ela e a mãe se sentariam em duas poltronas preferenciais (lembra que reclamamos que nao conseguimos poltronas especiais?).

Pausa para um gif elucidativo neste momento:


(legenda: eu = Cláudia Abreu no gif acima. A vida = Malu poderosa)

A Joyce não dormiu o voo todo, devido aos espasmos musculares. A mãe da Joyce? O-T-E-M-P-O-T-O-D-O ajeitando a filha, o pescoço dela, massageando braços, pernas, costas, pegando comida e dando na boca da Joyce, conversando com ela, ninando, fazendo carinho...

Ah sim, pessoas que precisavam de ajuda para trocar o bebê a mãe da Joyce ajudava, pessoas que precisavam pegar malas e não conseguiam a mãe da Joyce ajudava, a mãe da Joyce, a mãe da Joyce.

Uma hora eu estendi a mão para a Joyce e ela se retesou toda. A mãe dela disse: pode dar a mão filha, ela só quer te fazer um carinho! Ela deu, sorriu para mim e eu falei: obrigada!

Se este mundo ainda não implodiu é porque temos vários guerreiros espalhados por ai, atuando todos na surdina. Tenho certeza que a mãe da Joyce é um deles. Eu VI o que é abnegação, amor, entrega, tudo ali, na mãe da Joyce, que não duvido por um segundo é uma das maiores guerreiras que já tive a honra de conhecer de perto.

Mãe da Joyce, este post é, na verdade, para a senhora! Obrigada por me mostrar o quanto a altivez é algo bonito de se ver quando exercido de forma honrada. Obrigada por ser exemplo de mãe! Obrigada por todas as lições que sequer consigo verbalizar, quanto mais escrever aqui. Obrigada!

E a todas as "mães da Joyce" por ai espalhadas, meu mais profundo respeito e admiração. E que vocês recebam em triplo, quádruplo, infinitamente de volta todo o AMOR que vocês espalham, em suas mais variadas formas...


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