Eu compro revista todos os meses da banca para ajudar o moço que trabalha na esquina. Poderia assinar, como já assinei, mas não sei, compro dele. E revistas de assuntos bem variados e ecléticos. Compro a Vogue e a RG, compro a TPM (e leio na net tooooda quarta o texto da Clarissa Correa no site), compro também revista pelos brindes que elas trazem (penso se sou a única a fazer isto, mas olha, creio que não viu...), compro outras. Revistas "sérias" também, não sou tão alienada da vida assim. E cada vez que abro estas revistas - e aposto que outras de diferentes gêneros - me espanto, cada vez mais, com os preços praticados. Não sei, algo está errado...
E de errado não digo os preços, sabe? Por que para mim a lei da Demanda é muito forte, ou seja, se tem produtos com preços irreais tem quem paga. A minha idéia de errado é mais básica, no sentido que, no meu ponto de vista, perdemos a noção do valor das coisas. Não sabemos mais o real valor das coisas, então cada um paga o que pode e quer, e quem vende cobra na mesma proporção.
Não sou tão desinformada a ponto de não saber que no Brasil as cargas tributárias dos produtos fazem com que seus preços finais sejam quase o dobro do que poderiam ser. Não bem, eu SEI disto. E sei também que o estilista tem tooodo um processo de criação por trás, que várias pessoas são empregadas, vários nichos do mercado são envolvidos direta e indiretamente. Ok, eu tenho isto em mente. Sei que o custo de vida é caro em cidades como São Paulo, sei que brasileiros - ao menos os da minha idade - conviveram com a inflação, então não compensava muito guardar dinheiro. Adoramos (já disse que detesto generalidades, mas não tive como fugir a isto) parcelar as compras e carnês... Bom, pergunta pro Silvio Santos o que ele acha de carnê... acho que ele não iria nem responder, só iria dar uma super gargalhada.
Conheço um estrangeiro que veio a São Paulo e, ao andar em um shopping de classe alta, riu muito ao saber que o que estava na vitrine eram os preços, e não os códigos dos produtos. Ele riu e disse: "Paaara com isto!" E perguntou: "quem seria estúpido o suficiente para pagar este preço que está claramente "overpriced"?" Fui ver do que ele falava, e aqui misturo com coisas que li em revistas: uma caneta (leia de novo o produto = CANETA) custando quase $5.000. Um biquini custando quase $500. Sapatos custando mais de $2000. Vestidos de grifes estrangeiras custando $1500, e vestidos de estilistas nacionais saindo por quase 2, 3 vezes este preço. Produtos sem ter o preço exposto na revista, com a tag "preço sob consulta". Juro que fico entre a excitação de checar o preço e ter um infarto fulminante na hora ao descobrir... OU pior, uma crise de riso...
Consumir é bom. Comprar é gostoso. Adquirir qualquer produto que seja é legal, te dá uma sensação de prazer (isto tudo em mim, ta? Não sei como é com o mundo). Mas eu vejo coisas e não consigo ficar imune a este gosto amargo que me vem na boca. Eu não ganho mal, e se quiser comprar algo absurdo em um rompante consumista até conseguiria. Mas não sei, sofro com a idéia. Me sinto um pouco como sendo roubada.

Será que sou só eu que penso nestas coisas? Ou será tudo coisa da minha cabeça?
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