quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Cego, surdo e mudo



- Ele vai se casar. Já está até com cafofo arrumado, logo chega o convite em casa.

- Ele quem?

- Meu ex. Cachorro, ele vai se casar! Mal terminamos e ele já arrumou esta outra ai...

- Nossa, que coisa.  Homem é tudo igual!

- Sim, mal terminamos e ele já andava para cima e para baixo com essazinha... Agora vai se casar com ela... O pior é que minha família o ama até hoje. Não sei se vou no casamento.

- Poxa, ferida recente é duro mesmo. Não sei se passa, mas sei que atenua. Quer dizer, para alguns né... bom, eu sinto muito! Faz pouco tempo que vocês se separaram? Você vai no casamento?

- Acho que vou. Mais para ter a certeza de que acabou mesmo. Vê-lo lá em cima fará com que eu saiba que tudo acabou!

- Ué, mas você precisa ver ele se casando? Não basta vê-lo com a outra? É que faz pouco tempo. Entendo... Aliás, há quanto tempo mesmo vocês se separaram?

- Quatro anos!

- Quatro ANOS?

- Sim, quatro anos. E mal nos separamos e ele já se juntou com essa ai. E tá com ela até hoje! Mas eu preciso ir no casamento para enterrar isto de vez!

- Poxa amiga, sinto muito!

- Nada. Vai ser bom para mim. O negócio é que meu namorado tem ciúme do ex e talvez não entenda.

- Peraí. Mas você tem namorado?

- Sim. E eu lá ia ficar solteira com ele enrabixado de cara com esta lambisgóia? Não não, arrumei um namorado logo que soube dele com essazinha aí.

- Hummm.

- MAS VOCÊ ACREDITA QUE ELE VAI SE CASAR COM ESSA MOCRÉIA?

(E ela foi ao casamento. Encontrei a amiga na fila do supermercado um tempo depois)

- Eu fui no casamento. Posso estar errada, mas ele olhou para mim várias vezes no decorrer da festa!

- Olhou? Será que não assustou de você estar lá?

- Não. Senti que havia química. Senti que ainda não fechamos nosso ciclo. Acho que mais dia menos dia ele vai me procurar.

- Ok. Seu namorado foi com você?

- Foi né. É namorado. Mas fomos (eu e o noivo) discretos, ele não percebeu nada. É coisa antiga né amiga, sabe como é né?

Não respondi nada. Só pensei: não, não sei.

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Muitas vezes - a maioria das vezes, na minha opinião - somos jogados aos leões. As situações aparecem na nossa frente e cada um lida como pode. Outras vezes não, acontecem coisas pelas quais buscamos e lutamos. Escolhemos como lidar com a situação. Escolhemos como queremos enxergar o que ocorre. Ou escolhemos até nos fazer de cego, surdo e mudo.

Tem gente que precisa ver para crer (São Tomé ou São Tomás? Nunca me lembro). Ok, respeito e muito estas pessoas, já que várias vezes vesti a carapuça. Mas tem gente que nem vendo acredita. E faz como com estes ai?

Termino dizendo o seguinte: não sei se o correto é seguir o coração ou a razão. Só considero absolutamente errado seguir uma névoa, uma estória criada na nossa cabeça. Analise FATOS, baseie-se em coisas reais, e não em "achismos" ou coisas voláteis. Porque imaginação é uma coisa perigosa, ainda mais se a usamos contra nós. E as coisas são como são, não como queremos que sejam. (In)felizmente.

 

 

 

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