Esponjinha

Sou bem esponjinha. Já fui bem mais, hoje consigo estabelecer limites e não ficar me desgastando, captando as energias vomitadas dos outros. Sabe aquelas pessoas que entram em um ambiente e sentem se o clima está pesado ou não? Ou que chegam perto de algumas pessoas e começam a bocejar horrores? Então, esta sou eu, em versão multiplicada vezes mil.

Tem locais em que eu vou que eu apago! Sério! Dá um branco total, não sei o que ocorreu por alguns instantes. Descobri depois que é um mecanismo de defesa, algo meio chato que não vale a pena falar aqui. Mas eu apagava bem mais do que agora! Nunca cheguei a desmaiar nem nada, mas eu apagava. Geralmente em locais escuros – detesto penumbra – ou muito carregados. Pareço até um vaso de arruda 24 horas, sugando tudo de ruim do local! Que bom para as pessoas ali presentes, ruim para mim, claro.

Agora, tem gente que é só chegar perto, às vezes é só pensar na pessoa que eu já fico irritada, sonolenta, bocejando. Incrível. Nunca vi antes a pessoa na vida. E o mais interessante é o fato de que geralmente estas pessoas estão com problemas e vem contar para mim, com detalhes. Eu não pergunto nada, aprendi a não ser curiosa. Adianta? Nops, fico sabendo de tudo! A pessoa vomita as estórias em cima de mim e fica mais aliviada. Eu, no mínimo com uma dor de cabeça básica.

Tenho aprendido com a tal da maturidade a me respeitar mais e a me proteger mais ainda. Você está carregada e precisando de ajuda? Se eu estiver bem, te ajudarei com todo o prazer. Se você é meu amigo – e pouquíssimos são – terei toda a paciência do mundo com você e seus problemas, até deixando que eles sejam meus também, mas não mais do que por alguns minutos! Já tenho meus próprios demônios, não entro em campo com demônios alheios.

A gente tem que se ajudar também neste mundo louco. E um vasinho de sal grosso deveria ser item mandatório em todas as casas. Até em saquinhos dentro da bolsa. Na dúvida, levo o meu guardado comigo, bato na madeira e coloco arruda atrás da orelha. Sempre.