sexta-feira, 11 de maio de 2012

Vivendo o hoje... hoje


Trilha sonora aqui (mas tem que abrir a página e dar o play! vai lá que vale a pena...)

"There is a saying: yesterday is history, tomorrow is a mystery, but today is a gift. That is why it is called the "present." (fala do Mestre Oogway, no filme Kung Fu Panda)

"Estou em crise. Tendo tido insônia porque não sei como dar a notícia aos meus pais, nem ao meu namorado. Fico acordada à noite pensando num jeito melhor de falar, mas a coisa só complica, e quando vou ver o dia já clareou. Não tenho conseguido trabalhar direito, acho que meu sono mesmo se dá no trajeto entre os lugares. Meu Deus, me dê um sinal. O que eu faço?"

Ouvi esta conversa em uma mesa de bar. Mentira, de lanchonete. A pessoa estava com os olhos esbugalhados, sofrendo de sangrar a alma para dar a tal notícia ao mundo. Estaria ela grávida de outro que não o namorado? Estaria ela trabalhando com algo como "moça de família"? Até respirei mais devagar para ouvir melhor (atenção: julgamentos são desnecessários no momento, obrigada!).

"Eu, eu, eu (olhos marejados) passei na primeira fase para um emprego na Austrália. Me inscrevi pela internet, e a primeira fase era uma triagem. Passei. Ai, como eu irei agora morar em outro país sem avisar meus pais? Eles morrerão! E meu fofucho?"

A ladainha continuava, até que uma das amigas teve o bom senso de perguntar se a coisa era certa já... Resposta: "não, são cinco fases... MAS EU JÁ PASSEI NA PRIMEIRA! MEU DEUS, COMO PEDIREI AS CONTAS? Como olharei na cara de fulano... bla bla bla"

Perdi o interesse. Não porque esperava algo mais bafônico, mas porque este assunto é recorrente no mundo, e eu mesma já tive minha fase Amelie Poulain. Já criei expectativas, montei estorias na minha cabeça, criava verdadeiros roteiros originais. Pensei em mandar email para a Glória Perez me oferecendo como co-autora para ideias insanas. Eu vislumbrava tudo o que ocorria lá na frente, já fazia planos mentais. Só que o hoje, o aqui, o agora, me pegava de jeito. Entende?

Não sei por qual motivo, se por necessidade de sempre buscar algo ou se para fugir do dia-a-dia mesmo, muitas pessoas tendem a sofrer por antecipação. Ansiedade múltipla elevada ao cubo. Adianta? Não. Só para alguns médicos/terapeutas que lidam com isso e para a indústria farmacêutica, que vende calmantes a rodo. Não falo aqui das pessoas doentes, falo aqui daqueles que criam e parece até que buscam uma doença. Vivem no mundo do futuro. Esquecem de viver o hoje. Estão sempre buscando e esperando. Esquecem de plantar e regar... Querem a colheita... Nem compram a semente. Difícil...

Não sou ansiosa, mas, confesso, as vezes crio expectativas. Se elas se concretizam, uhuuu! Se não, desgaste emocional. Penso se não deveríamos tentar e ter como meta de vida viver o hoje. Vai que o acaso ocorre e a gente não tem amanhã? Os "e se" sempre existirão, cabe a nós controlá-los e dar a eles a importância devida.

A moça se levantou e foi se recompor no banheiro. As amigas ficaram discutindo o super-mega-problema da amiga sofredora. A que fez o comentário das fases se jogou na cadeira e disse: "muito drama. Fica pensando no amanhã e na morte da bezerra e não vê a vida passando. Daí depois vai falar que não viu a vida passar e ela não fez nada. E uma hora começará não a pensar no futuro, e sim no passado e no que não viveu..."

Sábia menina esta...

Não tem a ver com o texto, mas tenho terminado meus emails assim: "que o hoje seja melhor que ontem. Sempre!" Acho que tenho conseguido, devagar, viver o hoje. Difícil, mas necessário. Porque tento não me preocupar com o futuro, já que, de um jeito ou de outro, ele sempre chega...

Beijos e bom final de semana. Que seja iluminado, e que o vivamos com todas as suas horas... O amanhã? Bom, este chega... Então não me preocuparei com isto né?

2 comentários:

  1. Chorei. Karina como sempre escreve tão bem aquilo que serve pra gente.

    ResponderExcluir
  2. No final das contas, colocando tudo na balança será que compensa mesmo ser pipoqueira na Austrália? Acho que essa sua amiga deveria pensar, pensar e repensar... Para não deixar o estresse tomar conta dela. Óbvio que cada um tem suas próprias frustrações, seus próprios dilemas e seus próprios backgrounds, contextos familiares etc. Tendo isso como premissa todos lidamos com as situações de formas diferentes, únicas e que devem ser respeitadas mesmo que para terceiros não tenham a mesma importância... Mas é isso... Viver o hoje e olhar pra frente porque atrás vem gente ;)

    Beijo,

    Sanduíche de salame.

    ResponderExcluir