terça-feira, 18 de setembro de 2012

a verdadeira vítima


"Acreditar não faz de ninguém um tolo. Tolo é quem mente" (Artur da Távola, no Mania de Citar)

Releio no momento o livro OS INDECENTES, da Stella Florence. Já disse que quando gosto de um autor tendo a ler todos os livros dele, e com a ela não foi diferente. O engraçado é que tenho um TOC em relação aos livros: neles escrevo, marco, dobro a ponta da página quando estou sem uma caneta à mão e achei algum trecho interessante. Pois bem, ontem à noite me deparei com um texto intitulado "acreditar não é crime". Para quem puder lê-lo, fica a ótima dica.

O motivo de eu ter parado e re-refletido novamente neste texto reside no fato de que, geralmente, quem é enganado/traído/mentido sai ainda como "culpado" da estória. Já reparou? As pessoas vem com pedras na mão e dizem o óbvio ululante: "mas a pessoa nunca desconfiou?" Não, tem quem não desconfia. Porque uma coisa é saber o que ocorre a sua volta e escolher ser conivente com a situação. Outra coisa é não ter a mínima ideia de que a verdade é absolutamente o contrário do que você imagina ser, e não ter noção disso.

Além da pessoa tomar na cabeça, ela é vista como a ruim da estória. O mau-caráter que fez as falcatruas e pilantragens é quase absolvido. Ele é a vítima. A outra pessoa é que deu brecha, não fez a parte que cabia a ela, não "ficou ligada". Desculpe, mas tudo errado. Tudo trocado. Por que o ser-humano, ao invés de se solidarizar com quem deveria, fica tacando pedra na pessoa? Por que a verdadeira vítima é hostilizada?

Na Grécia antiga o teatro funcionava como catarse; não posso matar minha esposa, vou no teatro e lá vejo uma peça encenando tal sonho escondido. Ao ver alguém que se ferrou na vida por causa de outro, alguns aplaudem. Teatro da vida real. Hoje ninguém mais quer ser mocinha em novela porque é "chato". O legal é ser do mal, fazer e acontecer e ainda ser aplaudido na rua.

Aprendi com Tiarinha que as pessoas assumem papeis quando vivem em sociedade. Alguns são fodões, assumem para cada um o papel que o este quer ver e ouvir. Não se enganem: isto é o esgoto do mundo. Só pensam em si mesmos e pouco se importam com o mal que fazem. Eles deveriam andar com uma letra escarlate tatuada no peito e serem queimados em praça pública.

Os valores estão trocados, pessoas. A vítima precisa de ajuda porque puxaram o tapete dela e havia um buraco embaixo, não de dedos apontados e incompreensões alheias. Endeusar as pessoas erradas pode ter um efeito rebote... E o mundo sempre dá voltas, isto é física. A vergonha não cabe a quem sofreu por acreditar em fumaça, mas sim em quem mandou sinal usando merda como combustível... E destes eu quero distância...

Um comentário:

  1. ahh se o "não faça com os outros o que não gostaria que fizessem com você" fosse o ponto de reflexão antes da ação, karina... boto fé que as coisas funcionariam de maneira mais respeitosa, mais harmônica. mas me parece que a corrente segue, como você mesma disse, no sentido contrário: valorizando egoísmos, valorizando o "se dar bem" a todo custo. muito triste. mas cada um cuida do seu, não é vero? tenho pra mim que tudo o que se manda para o universo volta para nós simsim. e aí cada um que arque com as consequências...

    passei dias em quaseprivação blogosférica (rs) mas agora tô de volta. tava com saudade das suas palavras. =). depois te eméio.
    beijodoce
    iza =)

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