quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Marinete

Então fiquei de encontrar parte da família buscapé no interior de MG. Sairia de São Paulo num busão do Cometa e, 250km depois (percorridos em 4h30), voilá, estaria eu lá na cidade. Sente o drama com a tia:


Já fui pro terminal Tietê com a passagem comprada, né? Macaca velha tem suas vantagens. Cheguei lá com 45 minutos de antecedência, afinal era só pegar a passagem, certo? ERRADO! Aquilo era a entrada das portas do inferno. Lotado lotado lotado. Ninguém dá informação direito, calor que deixa todo mundo irritado, pessoas que pegam cada uma uma alça da mala e andam com a mala no meio, atrapalhando o fluxo de transeuntes, outras que param no meio do caminho pra ver a vida passar... Tinha de tudo lá. Dai estes 45 minutos viraram vento até chegar minha vez no guichê e a moça dizer que "é naquela outra fila que pega passagens retiradas pela internet". LEGAL NÉ? Então você vai correndo pra outra fila, chega lá e percebe que das 15 máquinas disponíveis pra impressão do bilhete, só duas funcionam. E claro que na sua fila tem o povo que passa na frente. Os aposentados também que vão viajar e não se dão com máquinas, gringos que não leem português, crianças que brincam de apertar os botões... Neste momento você olha com cara de piedade pra moça lá e fala: "moça, meu busão sai em 5 minutos" e conta sua vida. Ela, com cara de coo e impaciência (e creio que mentalmente me chamando de burra), imprime para mim a passagem. Mandei BEIJO MOÇA e sai correndo até o guichê, desviando novamente do povo que pega-cada-um-em-uma-alça-da-mala.


Dai você chega no busão e acha que terá paz por 4h30 certo? De novo, errada! Primeiro porque as pessoas compram assentos marcados e sentam em qualquer um. E já reparou que sempre a pessoa quer trocar com você de lugar MAS O LUGAR DELA É PIOR? Então, no meio daquele caos, com criança chorando e calor e gente se abanando uns 10 tiveram que ser realocados aos seus lugares corretos até cada um se sentar no seu respectivo. Fecho os olhos e já mentalizo Orfeu. Tolinha...

A moça do meu lado usava fone de ouvido. UMA SALVA DE PALMAS PARA ELA. Só que, pessoas, não adianta usar o fone e por o som no último volume. AS PESSOAS AO REDOR OUVEM O BARULHO QUE VOCÊ CHAMA DE MÚSICA. A moça, no caso, começou com pagode, passou por música indefinida, sertanejo e outros que não sei denominar. E o busão parando a cada folha que balançava na estrada, para ajudar. Lembra a Marinete da novela Tieta? Era mais ou menos assim: uma marinete!

O busão tinha ar condicionado. Amém. Isto significa que as janelas não abriam. Ok. Dai o pessoal começou a usar o banheiro no fundo do ônibus. SINAL DE ALERTA PISCANDO. Ai, sim, acreditem, FIZERAM COCÔ NO BANHEIRO DO ÔNIBUS! Olha gente, assim, isto deve ser pecado. É DESUMANO fazer cocô em um banheiro de ônibus, com uma viagem infinita e sem janelas para ventilar. Ele para em qualquer cidadezinha, custa ir no banheiro nesta hora? CUSTA? Não dá para segurar mais alguns minutos? Sinceramente, faça-me o favor! Liberdade tem limite, e vontade de ir ao banheiro também. Mas enfim ...

A viagem não terminava. Trânsito horroroso pré-Natal. Dai um grupo da Quarta Idade começou a reclamar que parava muito, que não andava, que eles perderiam o almoço já pago. Um tiozinho bradava que "na época dos militares essa balbúrdia e desorganização não existia." Juro que notei algumas lágrimas de emoção e voz embargada nele, mas me concentrava em não ouvir a música do lado e em respirar pela boca para evitar vomitar...

Bom, cheguei sã e salva. Passei o Natal com a família buscapé, logo, nestes casos, pouco importa o local. Mas precisava compartilhar com vocês as agruras de uma viagem interminável. E, por favor, vão todos ao banheiro antes de sair de casa. Pelo bem dos outros.

Tem coisa que parece que só acontece comigo viu...

FELIZ 2013 GENTE! Tô achando (torcendo, na verdade) que agora vai! AH VAI!


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