caixinha de Natal

Uma das coisas que mais me constrangem em épocas natalinas é a famosa caixinha de Natal. Não importa onde você vá, e se é a única vez na vida que você irá naquele lugar, espera-se que você contribua com a caixinha.

Odeio isto.

Aqui no meu prédio coloca-se o mesmo papel impresso (que já está até empoeirado e gasto) nas entradas dos elevadores. "Desejamos a todos um feliz Natal, bla bla bla (....) OBS - O LIVRO DA CAIXINHA DE NATAL JÁ ENCONTRA-SE NA PORTARIA". Pelo menos eles não ficam cercando, cobrando, etc. E confesso que uma vez vi o livro de perto e lá tem o nome do morador, apartamento, e quanto costuma contribuir no decorrer dos anos (sim, eles mantém esta informação em local privilegiado). E também um risco em vermelho em cima do nome daqueles que não contribuíram alguma vez que fosse.

O interessante é que tem que dar o dinheiro. Cheque pré-datado acho que até vale. Mas não queira dar um panetone. Já teve lugar que levei o panetone e ouvi na lata: "não sei o que fazer com tanto panetone. Acho que venderei para ganhar um dinheirinho". 

Ai um amigo meu me ligou e contou a seguinte estória: ele deixa o carro em um estacionamento cuja mensalidade é 350 dilmas, sendo que ele paga este valor menor por haver restrição de horário. Pois bem, desde o final do mês passado, os funcionários se revezavam e até iam em dupla em cima dele com um caderno aberto e caneta em punho dizendo: "o senhor não quer colaborar com nossa caixinha de Natal?" Isto duas, três vezes ao dia...

Ele pediu para esperar até dia 15. Pois bem, chegou dia 15 e o cercamento começou com força total. Diziam que era dia 15, se ele não queria contribuir com a caixinha...

Quando ele pagou, disse em tom de brincadeira "pago e assinado. Agora não precisam mais fazer tocaia comigo rsrsrs". Se tinha fundo de verdade nisto, acho que tinha (honestamente, não creio que haja uma pessoa que GOSTE de dar caixinha. Esta é dada porque nem todos recebem 13º salário - foi assim que me explicaram - e meio que virou expectativa comum), mas isto não vem ao caso. Só sei que quando ele retornou do almoço havia um envelope com um bilhete escrito à mão dizendo que "queriam a caixinha de coração, e como não era este o caso, eles estavam devolvendo o dinheiro". Todos assinaram, e o dinheiro doado estava lá. 

Meu amigo não sabe o que fazer: se vai tirar satisfação, se finge que nada aconteceu, se isso, se aquilo. Meio quando o Ross (sim, Friends novamente, sou viciada até hoje) se mudou para um prédio novo e no dia seguinte vieram pedir para ele contribuir com uma caixinha de um trabalhador do prédio que estava se aposentando. Ele havia se mudado há um dia, veja bem...

Sei que este post é mesquinho, sei que falarão/pensarão mal de mim, mas voltando ao início: me constrange esta estória de caixinha. Nunca é o suficiente, e se dá um valor legal uma vez espera-se no mínimo este valor futuramente. Sei que quem paga a priori tem condições financeiras, mas assim, penso que doa quem quer, e não se pode julgar esta pessoa. E, muitas vezes, o doador precisa do dinheiro.

Eu? Dou muito mais caixinha do que gostaria. Minha diarista, por exemplo, não virá duas semanas, eu pagarei por estas semanas e darei caixinha de Natal. O povo do prédio? Sim, darei a caixinha. Estacionamentos onde fico sempre? Caixinha. Se vou num lugar que nunca vou na vida e a pessoa pede, sim, só tenho tamanho, dou caixinha. 

Só acho que a coisa fugiu um pouco do controle. E sim, já vi folhas onde se somam os valores das caixinhas doadas e se divide este montante entre todos. Não com o mesmo valor (alguns ganhando mais, outros menos)... O importante: alguns ganham alguns mil reais...

E se pensam que sou mesquinha, por favor, sou pobre. Então ao invés de me julgar, dê uma caixinha para mim. E prometo não esperar o mesmo gesto futuramente. Obrigada.