quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Recebendo o que pediu (para CK)



"Se não há solução para o problema, então não perca tempo preocupando-se com isso. Se houver uma solução para o problema, então não perca tempo preocupando-se com isso." (Dalai Lama)

Já falei dela neste post aqui. Pois bem, agora conto a continuação da estória.

Quando a Milena abriu mão da carreira em NYC para mudar de país e investir em seu relacionamento, ela escolheu baseada nas informações que tinha à época. Só que com o passar do tempo, mesmo morando no RJ, em um ótimo bairro, tendo todo o tempo livre do mundo para fazer o que quiser, ela viu que algo estava errado. Ela estava infeliz.

Durante este período sabático (era isto que ela dizia para as pessoas que perguntavam o motivo de ela ter largado mão de tudo para virar dona de casa, como se isso fosse desmerecedor de algo), ela refletiu e descobriu algumas coisas importantíssimas sobre si mesma. Para ela é importante ganhar seu próprio dinheiro, é importante ter um cartão de trabalho, crachá, ter horários e rotinas, ter motivos para sair de casa. Ela GOSTA de trabalhar, do status de trabalhar. Isto a deixa feliz! E é ai que o post começa a ficar interessante...

Ela sempre me mandava email falando que não estava bem, que ela não estava feliz, que nada foi como ela queria, que ela queria voltar mas não dava, que ela tinha se arrependido. E pedia aos céus um emprego para voltar devagar ao que ela considera padrão de felicidade.

E a gente sempre tem que ter cuidado com o que a gente pede porque a gente pode acabar conseguindo.

Então o ex-chefe dela voltou para o Brasil e a chamou para uma conversa. Haveria um emprego com tudo o que ela queria, crachá, horários, trabalho, etc... Só que o emprego era em SP. Ela, teimosa e cabeçuda que é, já começou a ver só o problema de ser em SP. Tanto falou que o talvez-futuro-chefe-de-novo conseguiu que ela trabalhasse apenas 3 dias na semana em SP, os outros no RJ. Para não ficar confuso, siga o resumo adiante:

Ela estava triste porque queria emprego, dinheiro, rotina, cartão de apresentação e crachá. Dai cai no colo dela (adivinhem?) um emprego, dinheiro, rotina, cartão de apresentação e crachá. Só que não dá para ser perfeito até porque a perfeição cansa, então o trabalho é em SP 3 vezes por semana e os outros 2 dias no RJ. 

Dai você pensa: MEU, ESTA MENINA DEVE TER A BUNDA VIRADA PRA LUA, MUITA FELICIDADE, SORTE, ETC. Pois então segure o queixo: ela está DESESPERADA (em caps lock) decidindo se aceita ou não a proposta. ELA NÃO SABE SE ACEITA!

E, com esta dúvida do "aceitar ou não aceitar, eis a questão", ela me liga e pede KA, O QUE EU FAÇO?

Minhas respostas:

1- qualquer pessoa que te disser Faça A ou Faça B, ignore! Porque elas não são você e JAMAIS serão. Só isso...

2- só você sabe o que pode te fazer feliz. E uma vez que você decidir, lembre-se que você se baseia no que você tem à mão de informação. Muito fácil ser engenheiro de obra pronta (meu pai que diz isso) e ficar olhando para trás e dizer: "ah, se eu soubesse que seria assim eu teria feito diferente". Não tem como saber. SEMPRE ESCOLHEMOS TENTANDO ACERTAR O ALVO, mas ás vezes tudo o que acertamos é o nosso próprio pé. E isto falo por experiência própria, já que sou PhD em tentar acertar e não conseguir!

3- "estou enlouquecendo, que azar, não sei se quero lidar com os ônus deste emprego, ..." => simples: NÃO ACEITE! Estou indo contra o que disse no item 1, sei disso, mas já que é tudo tão horrível, tão insuportável, pronto, já está decidido. 

Se estamos mal, temos como opção tentar mudar. Se estamos MUITO mal, devemos mudar, mesmo sem saber os resultados de antemão. Agora, se estamos bem, sequer pensamos em mudança, e isto em todas as áreas da vida...

Então analise se você está MUITO mal (precisa mudar), ou apenas mal (ai você vê se quer arriscar) ou se está bem (ai não se mexe em time que está ganhando, né?).

E, finalmente, ignore o que escrevi aqui. Acho lindo pessoas que dizem "siga seu coração", ou "faça uma lista". Todos estes são modus operandi que tem suas validades, mas também suas limitações. Racionalmente, o que você pode fazer é analisar calmamente o que você tem à mão, e ver se vale a pena arriscar. A palavra é arriscar. Porque, convenhamos, a probabilidade é sempre 50-50. Mesmo que você quase sempre tenha acertado o alvo, e eu quase sempre tenha errado por muito!

Desejo que você decida e descanse. O que você decidir é a resposta correta. Ponto! E você sabe que, de qualquer jeito, estou sempre aqui! Mesmo que seja para ajudar falando abobrinha...

UPDATE: ela aceitou o emprego. Apenas digo... ufa!

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