GERAÇÃO DOS 30

Ouvindo isto aqui...

(Minina P. e P., obrigada pelo papo, gargalhadas e amizade.)

Ontem encontrei duas pessoas muito queridas. Sabe quando é só para falar um "oi" mas a conversa estica? Acabou que ficamos umas duas horas só resolvendo os problemas do mundo e dando risadas. Dentro os assuntos, cito um em especial: nenhum dos três ali presente estava (está) satisfeito profissionalmente, e sofremos por isto. Por isto e por "já termo s30 anos e ainda não termos nos encontrado", ou porque "Ká, eu olhava meu chefe e sabia que não queria isto para mim! Eu não queria ser ele no futuro!". Pego o gancho e digo algumas conclusões a que cheguei:

Acho dificílimo alguém na casa dos 30 estar absolutamente satisfeito profissionalmente. Tenho  amigas que fazem o que sempre sonharam em fazer da vida, mas sofrem porque é duro pagar as contas. Tenho outros que gastam os tubos de dinheiro em remédio e terapeutas porque ganham bem, são "bem-sucedidos" (a ser tratado adiante), mas são infelizes. O caminho ideal é o caminho do meio, sim, todos já ouviram as lições do Dalai Lama. Mas e quando você simplesmente não encontra esta trilha ou o rastro dela?

Algumas sabedorias angariadas ontem com meus amigos amados: nossos pais não tinham muitos planos, já que a vida deles foi mais puxada que a nossa. E nessa eles foram longe. Nos cobramos então por não fazer 1/10 do que eles fizeram. Já o P. foi ainda mais longe (e concordo com ele): tememos sequer conseguir manter o que eles construíram. Nascemos em uma vida confortável, nem vem atirar pedra dizendo que isto é papo de gente mimada. Não não, falo de pessoas aqui que fizeram faculdades incríveis, trabalharam em empresas de ponta e estão na crise dos 30 porque não se encontram profissionalmente. Entende?

Não sabemos o que queremos, até porque querer não significa acertar. Então ontem falamos do fato de escolhermos pelo método "isso eu não quero". Exclusão, sabe? O duro é que às vezes nos deparamos com o cesto vazio, e ai não tem mais opção. Faz como dai? Volta tudo pro balaio e começa de novo? Joga tudo para o alto e sai andando pelo mundo?

Acho que este descontentamento/medo diz muito sobre minha geração. Acaba que estamos inseridos num contexto que nos consome por dentro. Nossos pais faziam o que dava; nós tivemos opção. Ás vezes, não poder escolher pode ser uma bênção. Você faz o que tem que fazer e acabou, não pensa muito na morte da bezerra. Você fica prático. Porque para os otimistas quanto mais alternativas você possui são mais chances de dar tudo certo. Ou para os podrões como eu, que se confundem com o excesso, cada alternativa extra é a possibilidade de um caminho errado. Sou gato escaldado amores, já errei muito em tomar decisões. Aprendi com todas elas, mas ainda não descobri o método para simplesmente não mais escolher errado... E tô bem de saco cheio disto...