sexta-feira, 27 de junho de 2014

A Mordida



Agora que o embróglio terminou, tecemos nossos comentários a respeito do assunto dos últimos dias: a mordida do Suárez no italiano (honestamente, não me lembro do nome do ragazzo).

Saiu a punição: nove jogos oficiais pendurado, "expulsão" do hotel onde estava concentrado e descobri que nem na arquibancada o jogador poderá ficar. 

O mais estranho? Várias pessoas achando a pena deveras pesada.

Minha resposta para isto: oi?

Ele mordeu em TRÊS situações distintas, ou seja, ele repete este padrão quando em momentos de estresse/críticos. Ele tem isto dentro dele, já que não imagino que ele raciocine antes de realizar o ato. 

"Ah, mas e carrinho que quebra a perna? Entradas desleais? Cotoveladas? Cabeçadas..." Não precisa ler livro para saber que quebrar a perna de alguém é algo que pode ocorrer em um  jogo de futebol, mas te confesso que não imagino o mesmo ocorrendo em uma prova de 50 metros livres de natação. Há que se usar os vídeos e ver se houve deslealdade, vontade do outro atleta (de novo, nÃo creio que alguém dê um carrinho pensando "vou quebrar a perna do cabrón"). E a partir dai, punição. Se as imagens não mostrarem a deslealdade do autor da ação, que ele tenha a decência de assumir que errou. E, se nossas leis não realizarem o correto, que a vida se encarregue dele. E que ele receba tudo em dobro...

A questão é que muitos que estão defendendo o Suárez falando da pena pesada é gente entendida do assunto, algo que já confessei dominar tanto quanto cirurgias neurológicas. São pessoas que estão lá dentro e sabem como a coisa funciona. Ou então são pessoas que se solidarizam porque sabem que eles mesmos poderiam cometer o ato, então por saberem que eles poderiam ser punidos da mesma forma, se solidarizam entre si. Algo como "defendendo a classe", entende?

De novo, nove jogos dividido por três vezes em que isto ocorreu, três vezes por jogo (lembrar de checar a matemática). Achei pouco. Motivo? Até onde minha leiguice me permite, não sei se m-o-r-d-e-r faz parte da cartilha do futebol. Como bem lembrou meu amigo @jpvani, "onde está o código que diz que chute nas partes baixas, dedo no olho e  mordidas não valem?"

Sei que não sou boa em defender o óbvio, mas de novo: ele MORDEU! Gente, como defender alguém que MORDE? 

Não, não entrarei no detalhe que ele é alguém admirado mundo afora por suas qualidades futebolísticas e não filosóficas, como bem lembrou o Mujica, presidente do Uruguai, e por isto tem sim a responsabilidade pelo que faz e fala. Ele não estudou, algo corriqueiro com jogadores profissionais de futebol atualmente? Minha defesa: ele mordeu. Isto não se aprende na vida, queridos, menos...

A questão é que hoje em dia, ao menos no Brasil - e arrisco dizer que em vários outros países mundão afora - as crianças querem "crescer e ser jogador de futebol". Almejam aquilo. É aspiracional. Então observam e leem e se informam sobre o que ocorre com jogadores, o que eles compram, dizem, fazem.

Fazem.

E é ai que mora o perigo.

Se em vários aspectos já viramos a casa da mãe Joana, que ao menos usemos nossa paixão nacional como escola. E que crianças aprendam que morder não pode. Quem sabe a partir dai não possamos evoluir como nação e partamos para avanços maiores.

Só espero não estar exagerando no otimismo...

PS - para mim cuspida, entrada desleal, qualquer coisa "errada" (sim, sabemos o que é errado, sim, sei que muda de cultura para cultura, sim, sei que é subjetivo e não tem como padronizar, mas me deixa ser utópica, obrigada), tem que ser muito bem punido. Vai ficar chato o jogo? Ué, vamos tentar para ver?

PS2- lendo a respeito do assunto soube que ele foi já punido em mais de 20 ocasiões por ações incorretas em campo. Mas nunca foi expulso. Ele agiu sem os juizes perceberem. Mérito dele? Jeitinho uruguaio? Torço apenas para que isto não vire a regra. E a justiça veio, ainda que tardia, ao menos nestes mais de 20 casos né?

PS3 - um texto bom não tem muitos PS's, ele se explica no seu decorrer. Mas acabo de ler que ele já foi punido por racismo.

Bom, para mim basta. 

Nada mais a declarar.



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