segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Raízes Invisíveis



Semana passada fui a um velório, de um senhor de 80 anos, olhos profundamente azuis e cabelo branquinho, branquinho.

Ele descansou após lutar bravamente contra um câncer que se iniciou no cérebro e se espalhou para outros órgãos. Ah sim, antes disto ele já tinha vencido várias outras vezes esta doença, que teimava em aparecer em outros locais quando tinha perdido a batalha para a persistência do senhor em ficar bom. Em continuar aqui. Em se melhorar. Em seguir.

Desta última vez, não deu. Missão muito mais do que cumprida, sem sombra de dúvida. 

E antes que você pense que este é um post triste, já mudo o tom aqui. Quando ocorre estas coisas - a ida para o lado de lá - com pessoas que conhecemos, olha, não sei vocês, mas paro para pensar na minha vida.

E no que estou fazendo dela e com ela.

A gente não tem ideia de quando um "acaso" pode cruzar nossa esquina, e dai para a frente tudo mudar. A gente vive como se não tivesse um the end lá no final, postergando para amanhã decisões que poderiam tirar o mundo das nossas costas. Insistimos em achar que sempre teremos outras oportunidades, ou mais tempo. Agimos que se fossemos imortais, deixando sempre para depois...

Verbos errados... Estou na verdade falando de mim. No quanto eu me apego a absurdos desnecessários; no quanto insisto em não abrir mão do que, francamente, não me acrescenta coisa alguma; no quanto continuo fazendo coisas que não me deixam feliz. 

Recebi um instagram outro dia dizendo "se você não está feliz, saia. Você não é uma árvore". Não sei por que, mas sinto muitas vezes que tenho raízes invisíveis, me mantendo em solos inférteis. E por que não saio dali? Por medo. Medo de ser pior, por "ah, mas ali eu já sei como é", por preguiça, por comodidade. Simplesmente fico ali, achando que sou eterna.

#HighlanderFail.

Que eu me desvencilhe do que não me acrescenta, que eu me abra para o novo, que eu valorize o tempo que tenho e que o use sabiamente. Que cada dia seja melhor do que o anterior, e que eu seja, quando chegar a minha hora, alguém melhor do que era quando aqui entrei.

E que o senhorzinho faça uma ótima passagem, e que os que aqui ficam prossigam.

(No fundo, acho que tudo o que eu quero é conseguir fazer o meu melhor, porque daí a vida se encarrega do resto.)

Um comentário:

  1. passos para tentar se melhorar a cada dia, para seguir o caminho evolutivo (que dá muito mais trabalho, convenhamos)... acho que esse é o nosso maior desafio, ka.

    sigamos, amiga!

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