quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

sobre dores escondidas



(WARNING: spoilers alert mode on)

Férias podem ser um período bem produtivo, seja para fazer nada homa cum laude ou trabalhar. Aproveitando este período mezzo produtivo que me dei até o dia 02/janeiro, tenho lido horrores e, quando consigo um wifi decente, visto filmes. Então já avisei ali em cima mas para aqueles que não fizeram FISK, repito => este post terá infinitos spoilers. Siga lendo por sua conta e risco.

Li o livro Livre (Wild), da Cheryl Strayed, que só então soube que concorreu ao Oscar de melhor atriz neste ano. No livro (spoiler, tô boazinha e avisando tudo de antemão), a Cheryl perde o rumo da/na vida, e por ter visto um livro que falava sobre uma trilha na prateleira de uma loja de conveniência, ela decide que irá fazer esta trilha a pé, sozinha, trilha esta que vai do México até o Canadá. O que ela espera encontrar durante este trajeto? Ela mesma, seja isto o que for...

Vi também o filme Evereste. Filme este que me mostrou várias coisas, inclusive que ser gentil demais às vezes gera não apenas gente folgada, como pode levar à morte. Baseado em histórias também reais, conta a história de um grupo que, cada um por seus motivos, deixa tudo para trás para escalar A montanha.

Pode ser na minha cabeça, mas ambos esbarram na mesma pergunta: p-o-r-q-u-e? Por que você larga tudo para trás e se estabelece como meta de vida escalar uma montanha? Por que você se perde e (acha que) se encontra fazendo uma caminhada sozinha atravessando desertos, rios e neve?

Já escrevi em outro post sobre uma parte do filme Evereste onde um jornalista que faz parte de um grupo que tenta subir o bicho pergunta: por que? Por que vocês fazem isto? E, no fundo, não creio que eles saibam a resposta. Não creio que eles sequer tenham uma resposta.

No livro Wild (sei que está um vai e volta mas juro que estou me esforçando mais ou menos para que tudo faça sentido), tem uma parte onde a Cheryl escreve que ela achava que pensaria muito sobre a morte da mãe (o tal fato que a fez perder o rumo), mas isto não ocorria. E ela sente que começou a exorcizar seus demônios quando a dor física superou a dor emocional. Sabe o que eu pensei na hora? Quando você tira o foco de algo que te gera dor (seja emocional, físico ou espiritual), esta dor original passa a fazer sentido, passa a importar menos. Talvez seja por isto que lá no livro também tem um senhor que escreve que todos os que faziam aquela trilha tinham em comum uma dor escondida.

Para e tenta pensar comigo: se algumas pessoas não sabem o porquê de se arriscar a ver a morte de frente, será que elas não tem alguma dor escondida lá no fundo? Será que estas pessoas não estão tentando fazer o melhor que podem para se livrar desta dor? Será que a resposta para você não sentir dor seja você trocar esta dor por outra? (me lembrei daquelas passagens espirituais que dizem sempre que precisamos Orar e Vigiar e Laborar... Orando fortalece, vigiando você toma cuidado para não se machucar mais ainda e laborando... você ocupa a mente e o vazio e deixa na neblina esta dor escondida...) Será que a gente não tenta desesperadoramente fugir desta dor escondida, alguns subindo montanha, outros se arriscando, outros caminhando no meio do nada?

Eu não sei! Eu só deixo as dicas de um livro muito interessante (não sei se posso dizer bom, mas é interessante), o Livre. E de um filme que, dentre várias análises possíveis, me pegou mais na parte em que ás vezes, por mais que isto possa frustrar os outros, temos que falar não!

Que todos, sem exceção, tenhamos um 2016 mais leve. E que jamais nos falte esperança...

Feliz ano novo!

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