sábado, 27 de abril de 2013

Reclamando da Vida sem motivo ou A Grama mais Verde do Vizinho


"Ser feliz é uma responsabilidade muito grande. Pouca gente tem coragem" (Clarice Lispector, no Mania de Citar.

"A Verdadeira coragem é Ir Atrás De Seus Sonhos Mesmo Quando Todos Dizem Que Ele é Impossivel." (Cora Coralina)

"Ama  e faze o que quiseres."(Santo Agostinho, no Mania de Citar)

Passei por uma situação bem absurda, daquelas que te trazem para a Terra rapidinho, e escrevia sobre o assunto quando vi que o @marcosguinoza tinha feito alguns dias antes um post sobre o mesmo tema, com a maestria de sempre. Como achei que o meu post não ficaria tão bom quanto o dele, deixei quieto e abortei a missão. Mas não dá: ontem, de novo, bizarrices me rondaram e preciso tirar isto de mim senão explodo. 

Uma mulher que nunca vi na vida perguntou se eu tinha dois minutos porque ela precisava de uma orientação sobre qual livro pegar, já que ela precisava de um "empurra leão". Perguntei qual tipo de livro ela queria e ela buscava algo que a ajudasse durante este momento pelo qual ela passava. E ai começa a coisa:

Ela tem minha idade, uma filha deficiente mental por erro médico. O marido morreu quando ela estava grávida de 7 meses, atropelado. A mãe dela ficou doente uns 10 anos após a neta nascer (mãe esta que cuidava da menina que necessitava de cuidados especiais enquanto a outra ia lá lutar pelo pão de cada dia) e desencarnou. Atualmente, o pai estava internado com AVC e infarto. Ela tinha dois empregos (durante o dia trabalhava como manicure em um salão e também aos finais de semana por conta, indo na casa das clientes) e a noite trabalhava com Telemarketing. Estava um pouco preocupada (palavras dela) por que o dinheiro não dava conta de pagar para a filha ser bem cuidada, para o pai ser bem cuidado. E sentia que precisava de algo que a ajudasse a ter mais força neste momento que ela sabia que uma hora iria passar e se ajeitaria.

Respira. 

Que cara eu fiquei? Esta mesma que você imagina. E depois me senti um cocô de cavalo do bandido. Porque eu reclamo da vida. Porque eu tenho saúde, todos da minha família estão ótimos, tenho emprego, tenho casa, tenho cobertor para o frio... Eu tenho suporte emocional e espiritual dos que amo, eu tenho amparo, auxílio e torcida. 

Ela joga sozinha.

E, não conseguirei explicar bem, mas naquele segundo em que ela sorria para mim e aguardava eu indicar um livro, passou tudo pela minha cabeça. A estrutura que tenho. As pessoas com as quais eu sei que posso contar. Minha sorte (?). Os tombos que eu tomei e tomo comparados aos dessa mulher são o que? Risíveis, no mínimo. Vergonha. Alheia. De. Mim.

Indiquei um livro que me veio na cabeça na hora o nome e, coincidentemente, ele estava lá e não havia sido emprestado. Ela agradeceu muito e disse que me contaria na próxima semana o que tinha achado. Mal sabe ela o quanto EU AGRADEÇO A ELA por ter me mostrado o óbvio.


Eu tenho muita, mas muita proteção nesta vida. E acho que jamais agradecerei o suficiente. 

E resolvi me lembrar sempre que jamais devo reclamar de coisa alguma. E, quando me esquecer disso, volto aqui e me lembro da moça...

Porque a grama do vizinho pode parecer mais verde, principalmente se você nunca olha para a sua própria grama...

Ah, para quem se interessar, o post do Marcos pode ser lido aqui. Nem pus lá em cima senão vocês leriam o dele e eu morreria de vergonha logo de cara. Valeu MAC, post phodástico (as usual)

3 comentários:

  1. eh, amiga, olhar ao redor, sempre. e obrigado pelas boas palavras. bj.

    ResponderExcluir
  2. Mas, qual é o nome do post do Marcos... o link não leva direto ao texto.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. gente, no omeu abria! por via das duvidas, coloquei o link de novo! e, se nao abrir, vai aqui só para voce:
      http://oidiotafeliz.blogspot.com.br/2013/04/com-dinheiro-e-moleza.html
      beijos

      Excluir