E se fosse com você - Dois dias, Uma noite

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Você está endividado, a situação tá feia, então na véspera do Natal o responsável pelo departamento chama todos os funcionários e diz: votaremos a seguinte situação => vocês receberão um abono de fim de ano de vários dinheiros, mas para isto Fulana, colega de trabalho de vocês, terá que ser demitida.

Pergunta: você aceitaria o abono, mesmo sabendo que uma colega do setor seria demitida? Ou você diria não aquele dinheiro que sim, você precisa, para a colega manter o emprego?

Este é o pano de fundo do filme Dois Dias, Uma Noite, que se passa em uma Bélgica em crise. A atriz principal e possível futura demitida - Marion Cotillard incrível e candidata ao Oscar 2015 - consegue que tudo seja votado daqui a dois dias, e ela vai atrás de todos os colegas para pedir que eles votem para ela ficar empregada, abrindo mão do dinheiro.

O ponto central é: quando somos nós os atingidos diretamente, temos uma postura. Quando é com outra pessoa, mudamos. Mas, e se esta pessoa batesse na porta da sua casa implorando?

Este filme mexeu muito comigo, principalmente em relação aos valores que tenho. A verdade é que cada um só saberá realmente o que fazer quando isto acontecer na sua vida. Cada um sabe onde seu sapato aperta. E sim, ainda penso que a Humanidade tem jeito, e que os maus são em menor número apenas ganham mais ibope, só que é complicado.

Para mim é!

E isto denota muito sobre mim! Isto denota a forma como reajo frente ao mundo, mesmo sabendo que eu achar que faria algo não significa que realmente faria.

Mas pare e pense: alguém que você conhece só de falar bom dia boa noite pode perder o emprego se você votar por um abono. Esta pessoa bate na porta da sua casa implorando para você votar pela permanência dela na empresa. Honestamente, de supetão, você teria coragem de, na cara da pessoa, dizer "sinto muito"?

O fato de você não conseguir e abrir mão de algo para você para ajudar outro te torna melhor do que o que diz não? Você é "do bem" por se prejudicar ao ajudar um conhecido de trabalho? Aquele que aceita o abono é alguém pior?

Já parou para pensar nisto?